sexta-feira, 5 de março de 2010

A lâmpada mágica

   
    A profissão de antiquário não foi a única que meu pai exerceu na vida, antes de trabalhar com este ramo ele era dono de lavanderia e assumia ele mesmo a função de entrega das roupas dos clientes, mas este era um serviço em forte decadência nos anos 80 e de pouca procura em Santos, porém em uma das últimas vezes em que ia fazer suas entregas viu encostado a um monte de entulho do prédio do cliente um par de galos de metal em posição de briga, um dos ícones kitsch mais famosos dos anos 70 e uma réplica da lampada de Aladin, perguntou ao porteiro se podia pegar e saiu com aquelas "relíquias" nas mãos sem saber bem o que fazer.

   Com aqueles galos ele se encontrou, bastou mais uma ajudinha do destino e ele passa em frente a uma feira de antiguidades no Senac de Santos, rapidamente ele vendeu os seus achados voltando para casa com os bolsos recheados e motivou-se a começar a nova carreira.
    Na semana seguinte, após arduamente coletar tudo o que achava interessante e sem uso em casa, voltou ao Sesc. Uma bola de futebol, alguns brincos descasados, revistas antigas com as palavras cruzadas preenchidas, abajur quebrado e um ferro de passar enferrujado... Voltou de lá como foi... 

     Há um documentário sobre três irmãs cegas já idosas no Nordeste que são músicas apesar de suas limitações, que diz que a pessoa é para o que nasce e isto se aplica ao meu pai certamente,  mas ninguém nasce andando não é?

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